quinta-feira, 27 de março de 2008

Home sweet home


Porto Alegre ontem fez 236 anos. Porto Alegre é o lugar onde eu nasci e onde quero morrer. Houve um tempo, nas eras da rebeldia adolescente, que eu comecei a achar tudo isso aqui pouco para a minha vontade de voar. Queria morar no Rio, lá sim se vivia. Queria morar em Paris, lá sim todo mundo era moderno. Aqui nada me servia... Ah bons tempos de rebelde sem causa onde a gente escolhe qualquer coisa para não gostar. Ainda bem que Porto Alegre me perdoou.
Já adulta, quis o destino que eu fosse morar em São Paulo. Recebi a proposta e nem titubeei, pensei, quem sabe é a minha chance de descobrir se Porto Alegre é mesmo tudo isso. Fui, de braços abertos, esperando conquistar a maior cidade da América do Sul. Logo de cara, fui recebida ao coro do hino da cidade, a música "ema ema ema", conhecem? "Ema ema ema cada um com seus problemas". hahahaha
Em meio à temporada paulista, uma tentativa de ficar no meio do caminho, fui morar em Itapema-SC. Lá sim, lá pude me sentir em casa de novo. Cheio de gaúchos, família, chopinho na praia, sacadão com vista pro mar. Mas não era Porto Alegre, não tinha o cheiro de Porto Alegre, cheiro que só quem sai daqui sente, como quando ficamos muito tempo viajando e voltamos para casa e sentimos o cheiro do nosso lar, um cheiro único e irrepetível.
Novamente São Paulo, novamente seus braços sempre cruzados para mim. Queria sentir cheiro de churrasco aos domingos, queria comer salada de maionese com qualquer coisa, queria pegar os ônibus da Carris e os táxis vermelhos e baratos.
Enfim, Porto Alegre me venceu. Entreguei os pontos e voltei. Nunca vou esquecer da emoção que senti quando o avião começou a baixar e pude ver o Guaíba, os armazéns do cais, o prédio do Centro Administrativo, visão que eu tinha todas as vezes que vinha a passeio, mas agora era tudo meu outra vez. Meu Guaíba, meu Centro, minha Porto Alegre. Vou ao centro toda vez que posso, adoro aquela muvuca da Rua da Praia e as lembranças da minha infância. Adoro ir ao Mercado Público, faço uma paella maravilhosa com tudo fresquinho comprado lá. Adoro os temperos que só encontro na banca 26. Adoro pegar o ônibus que faz uma baita volta e passear pelo Bonfim. Adoro ir no Zaffari, mesmo sendo tudo mais caro. Tem um cheiro de infância também. Não tem nada parecido com o Zaffari em lugar nenhum que eu conheça. Adoro chegar no açougue e pedir "vazio" e todo mundo me entender. Esse ano quero ir sem falta à feira do livro, ainda não consegui desde que voltei. Quero mostrar Ipanema para o meu marido, não sei como está por lá, muitos anos que não vou.
Quero esgotar meu nariz com os cheiros de Porto Alegre. Quero que todos os dias ela me perdoe por ter sido tão ingrata por tanto tempo, por ter achado que algum lugar me faria mais feliz, por ter achado que eu poderia ser do mundo, se eu sou só de Porto Alegre, com todo orgulho. Eu adorava viajar, e agora é difícil me tirar de Porto Alegre mesmo que seja a passeio.
Parabéns Porto Alegre, minha cidade, minha casa, minha pátria, meu amor.
(Amanhã tem mais sobre POA)

5 comentários:

fadazul disse...

ADOREI SEU BLOG, É ENCANTADOR PARABÉNS MAS NÃO É DA MINHA CONTA! HEHEHEHEH BJKS

Marce disse...

Parabéns amiga! Um texto cheio de emoção!!!
Por mais que eu tente, não consigo me identificar dessa forma com Porto Alegre... talvez por que seja a cidade em que perdi as pessoas que mais amei... sei lá. O lugar mais próximo disso tudo pra mim é Montevideo... mas no momento Vila Maria esta me fazendo feliz...
E esta "rodoviariazinha bonitinha" esta de braços abertos para você... é só querer!
Besos

Marcos Renner disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcos Renner disse...

Obrigado São Paulo, por cruzar os braços para a Viviane. São Paulo, tu me fez mais feliz ao mandá-la de volta para cá! E não só a mim, mas a todos que a amam.
São Paulo, we salute you!

Marce disse...

Hora de atualizar...

Sugestão: e se você fizer um blog culinário? Hehehehehe