domingo, 10 de agosto de 2008

Um post para Jojô


Jojô se chamava Geordano. Trabalhou comigo por quase 3 anos, num estágio inesquecivel na Assembléia Legislativa. Trbalhávamos eu, ele, Gugu, Bosley e Vera, a chefe. Foram alguns dos melhores anos da minha vida, um trabalho divertido, acordava cedo feliz de ter que ir prá lá, ganhava uma merreca mas era muito, muito feliz. O tal Bosley era a figura mais engraçada que já conheci, o legítimo funcionário público das piadas: mandrião, preguiçoso, folgato, gaiato. Mas engraçadíssimo. Com ele aprendi que vale a pena se segurar para usar o banheiro do trabalho, pois nao há sensação melhor do que ficar sentado lá pensando que estão te pagando para isso. Com ele aprendi a fazer paródias de mpusicas usando o nome dos colegas, com ele aprendi que se você chega no horário todo dia, isso não é mérito nenhum, agora se você sempre se atrasa, o dia que chega no horário certo, todo mundo fica até com pena de ti. Mas o assunto hoje é Jojô.

Jojô era um carinha feliz. Muito feliz. Chegava feliz todos os dias, não importava que temperatura estava. Trazia uma mochila enorme, cheia de coisas e com a marmita que a mãe dele preparava. Em três anos, só o vi reclamar da marmita uma vez, que a mãe dele colocou sopa. Tudo sempre estava maravilhoso para ele. A coisa mais marcante nele era o sorriso. Esse ele sempre trazia junto ,qualquer hora, qualquer dia. Entendia muito de computadores e graças a ele a gente burlava as limitações que o setor de informática nos impunha.

Jojô passou no vestibular para computação, e arrumou um estágio melhor. Nos deixou mas continuava sempre nos visitando e falando conosco pelo "AIM". DEpois eu também saí de lá e falava com ele pelo ICQ, ele sempre contando seus causos felizes, suas traquinagens, sua vida intensa e cheia de alegria.

Fui embora de Porto Alegre, e falava com ele pelo MSN às vezes. Já tinha se formado, estava trabalhando numa empresa, feliz como sempre e não levava mais marmita, agora ganhava vale-refeição.

Voltei para Porto, e sempre que nos falávamos, conversávamos sobre fazer um reencontro dos cinco, ligar para a Vera, o Gugu, o Bosley, combinar um churrasco onde daríamos muita risada. "Vamos marcar", "vamos ligar", "vamos combinar". Não deu tempo. Jojô morreu num horrível acidente de carro há um ano e deixou o mundo inteiro mais pobre. Tipo de pessoa que enriquece a raça humana.

Me deixou uma lição e uma confirmação: a lição de não deixar para ver depois amigos queridos e a confirmação de que não existe Deus nenhum mesmo - morreu junto com o irmão mais novo e cinco anos depois da irmã mais velha, deixando Dona Neusa e seu Rubens sem filhos agora. Não, não poderia haver um Deus que permitisse tanta crueldade.

Um grande abraço meu amigo Jojô, não sei onde você está mas espero que continues feliz todos os dias.